Coma Pescado de Forma Sustentável

Coma Pescado de Forma Sustentável
Fotografia de Louis Hansel / Unsplash

Hoje assinala-se o Dia Nacional do Mar e honramos este importante recurso natural com factos, dicas e sugestões relacionadas com a dieta e o consumo de pescado.

Para todos os flexitarianos é talvez difícil imaginar a dieta sem o consumo de peixe e marisco. Está intimamente ligado com a nossa cultura e com os nossos costumes e tradições. Contudo este consumo, como muito do associado ao atual sistema alimentar, está errado e é inconsequente continuar a executar os mesmos hábitos à espera de um futuro igual ou melhor do que o presente. Isso não vai acontecer.

De acordo com a WWF-ANP “estamos a apanhar mais pescado do que o oceano pode produzir. Chegámos a um ponto onde os ecossistemas marinhos e muitas comunidades locais – especialmente em países em desenvolvimento – estão em risco. A sobrepesca tornou-se a segunda maior ameaça para os nossos oceanos, depois das alterações climáticas, e brevemente poderá não haver mais peixe para pescar, produzir ou comer”. É fundamental uma alteração de paradigma e todos podemos contribuir.

Natural food
Fotografia de Sofia Holmberg / Unsplash

Já anteriormente mencionamos algumas dicas relacionadas com os mares, resumimos as essenciais:

- reduzir o consumo geral de pescado, substituindo algumas das refeições de peixe por proteína vegetal, reduzir a quantidade de pescado consumida por refeição e variar o tipo de peixe consumido

- optar, sempre que possível, por pescado certificado (MSC ou ASC) procurando os respetivos símbolos nos rótulos, incluindo de alimentos congelados

- recusar peixe de pequena dimensão e privilegiar tipologias de pesca sustentável como o anzol, rede artesanal, palangre ou cerco (informação obrigatória no rótulo de cada peixe)

- evitar espécies em vias de extinção: alabote, atum, bacalhau do atlântico, camarões, espadarte, linguado europeu, peixe espada branco, peixes vermelhos, pescadas, raias, salmão do atlântico, solha americana, tamboris e tubarões.

Todas ações acessíveis e possíveis para todos nós. Antes de comprar tem o direito de saber o nome completo do peixe, de onde vem, se foi capturado ou produzido e como, e se é fresco ou congelado. Se esta informação não estiver visível, pergunte. Se não conseguir obter respostas, não compre.

SAUTEED COD WITH CAPERS AND TOMATO
Fotografia de David B Townsend / Unsplash

Uma das atitudes mais eficazes que todos podemos adotar, relativamente ao consumo de pescado, consiste em optar por espécies recomendadas e tipologias de captura e cultivo sustentáveis. Partilhamos algumas espécies, comuns e não tanto, e informações que deve procurar no seu rótulo para determinar se o peixe em questão é sustentável.

Carapau

De nome científico Trachurus Trachurus é proveniente das águas do litoral do Atlântico, a partir da Islândia até ao Senegal, incluindo as ilhas de Cabo Verde, do mar Mediterrâneo e de Mármara. Deve ser comprado com mais de 15cm e apenas se for capturado por linhas de cerco. Pode ser consumido durante todo o ano.

Pescada

A Merluccius merluccius pode ser pescada no Mar Mediterrâneo, Mar do Norte e Leste do Oceano Atlântico, entre a Islândia e a Mauritânia. Deve ser comprada com mais de 27cm, e idealmente se for certificada pelo MSC. Evitar comprar se tiver sido capturada com técnicas de arrasto.

Bacalhau

O tão apreciado no nosso país Gadus morhua provém apenas do Atlântico Norte e a sua reprodução está em risco devido a tanta procura. Apenas compre se o peixe tiver mais de 1m e seja certificado pelo MSC (fresco ou congelado). Apenas assim garante que foram respeitadas práticas de pesca sustentável e assegura a continuidade da espécie.

Fotografia de Towfiqu barbhuiya / Unsplash

Dourada

De nome científico Sparus aurata, a dourada é proveniente da parte oriental do Oceano Atlântico, Ilhas Britânicas e Ilhas Canárias, do Mediterrâneo e Mar Negro. Pode ser encontrada à venda proveniente de aquacultura e deve optar por produção biológica/orgânica ou captura com palangres ou redes fixas. Evite comprar peixes com menos de 20cm e se no rótulo mencionar a captura por arrasto.

Sardinha

A Sardina pilchardus teve direito ao seu nome na ilha da Sardenha mas é possível capturar sardinha em todos os lugares do Nordeste do Oceano Atlântico e Mediterrâneo para o Mar de Mármara e Mar Negro. A sardinha fresca pode ser comprada todo o ano, exceto em dezembro e janeiro quando se encontra em reprodução, e deve possuir sempre mais de 11cm. Enlatada ou congelada, opte sempre pela certificada pelo MSC.

Gamba-manchada

Esta gamba, de nome científico Penaeus Kkerathurus, é principalmente encontrada no Mediterrâneo, mas também no Atlântico oriental. Deve ser sempre comprada com mais de 12cm, fresca ou congelada, todo o ano à exceção de junho a outubro (época reprodutiva). É uma opção recomendada como substituto dos camarões mais comuns, atualmente ameaçados de extinção.

Mussel Dinner in Venice
Fotografia de Christopher Carson / Unsplash

Mexilhões

Os Mytillus galloprovincialis podem ser encontrado nas zonas costeiras do Mediterrâneo e da maioria das restantes partes do mundo. Devem ser sempre comprados quando apresentam mais de 5cm. A aquicultura de mexilhão em corda é reconhecida como uma das práticas de cultivo mais sustentáveis e eficientes. Assim deve preferir mexilhões cultivados e de preferência com certificação ASC.

Peixe-gato ou Pangasius

O peixe-gato, de nome científico Pangasionodon hypophthalmus, provém integralmente do Vietname. Por essa mesma razão deve ser comprado apenas com mais de 3kg e preferencialmente certificado pelo ASC ou de cultivo biológico/orgânico.

Macua

Este peixe menos conhecido mas que se constitui como ótima alternativa, pode ser encontrado em duas tonalidades: fusco (Siganus luridus, também conhecido por spinefoot fusco) e marmoreado (Siganus Rivulatus, spinefoot marmoreado). Tem origens subtropicais e chega ao Mediterrâneo através do Canal de Suez, e deve optar por espécimes de 12 a 14cm. É bastante abundante e perfeito para reduzir a pressão da pesca sobre as espécies mais consumidas, como as garoupas, e apoiar os meios de subsistência dos pescadores locais.

Tainha

De nomes científicos variados devido às várias espécies existentes, Chelon labrosu, Mugil spp. ou Liza spp., é um peixe associado à poluição ribeirinha, contudo o vendido nas peixarias provém do Nordeste Atlântico, Canal Inglês, Mar do Norte e Mar Mediterrâneo, pelo que não representa essa realidade. Deve ser comprado com mais de 20cm e é uma alternativa ideal para o robalo, atualmente em condição de sobrepesca e risco de extinção. Tem quase o mesmo sabor e é mais económica.

Fish Market in Brixton, London
Fotografia de Jonathan Noack / Unsplash

Dicas e sugestões de compra de 10 espécies preferidas dos portugueses ou ideais substitutos para espécies em sobrepesca e risco de extinção. Esperamos que siga estas dicas, reduza o seu consumo e opte pelo pescado sustentável, dando assim uma hipótese às espécies marinhas de recuperar da nossa exploração.

É fundamental que todos tomemos consciência que o impacto que cada um de nós produz é real e contribui ativamente para o declínio de um dos maiores recursos naturais do planeta: o mar. Mas como todos impactamos negativamente, também, todos, podemos agir para reconverter o nosso impacto.

Junte-se a nós nesta caminhada por um estilo de vida sustentável, uma decisão assertiva de cada vez.

Murta Atitude Natural

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