Como Reduzir Efetivamente o Lixo que Produzimos
No passado dia 30 celebrou-se o Dia Internacional do Lixo Zero e, apesar de não sermos totalmente a favor desta ideologia, não podemos deixar de assinalar a data.
Não somos a favor deste tipo de “objetivos” pois consideramos que, na sociedade atual, alcançar um estilo de vida lixo zero é praticamente impossível, e este seu caráter radical e de difícil alcance pode levar muitos a desistir sequer de tentar.
Somos totalmente a favor da redução ao mínimo possível do lixo que produzimos e instigamos continuamente para que seja feita esta mudança o quanto antes por motivos sustentáveis, económicos e sociais.
Com esta visão em mente partilhamos as nossas dicas testadas e comprovadas para uma redução eficaz da quantidade e tipologia de resíduos produzidos em contexto familiar. São lógicas, metódicas e baseiam-se em quatro passos simples.
Primeiro passo – Observar o lixo comum
Não é o passo mais atrativo, mas é fundamental, pois não existe outra forma de compreender o que tem que fazer a seguir sem verificar qual o verdadeiro problema atual. Sendo que por observar o lixo comum queremos dizer olhar e identificar os materiais que comummente descarta.
Sugerimos que o faça durante pelo menos um mês e anote as tipologias de materiais. Tente não escolher períodos de tempo com uma rotina diferente, como por exemplo as férias, pois irá alterar consideravelmente os resultados.
Ao final desse mês de rotina normal e lista de descarte, conseguirá identificar um padrão, ou seja, quais os materiais que mais se repetem.
Segundo passo – Correções iniciais
Selecione na sua lista de descarte os objetos que se repetem e que são de correção fácil. Eis alguns exemplos: material de ecoponto mal descartado, material reciclável mal descartado e papel de cozinha.
Neste caso deve garantir que todo o material reciclável é de facto reencaminho corretamente por todos os membros da família, e neste incluem-se: papel, cartão, plástico, metal, vidro, pilhas, lâmpadas, pequenos equipamentos ou componentes elétricos e rolhas. Todos devem ser encaminhados para os seus contentores apropriados, sejam eles o ecoponto, o pilhão, o rolhão ou o eletrão. Considere a possibilidade de criar pequenos recipientes ou sacos destinados a receber estes resíduos, para evitar descartes desadequados. Relativamente ao papel de cozinha consideramos ser um bom exemplo de correção simples, pois com a substituição direta pelos panos de limpeza, que seguramente tem em casa, é rapidamente eliminada a sua utilização.
A ideia destas correções consiste na substituição imediata do lixo que encontrou por materiais que já possui em casa. Demos estes exemplos mas para si os mesmos podem ter outra natureza que para si seja de óbvia e imediata a correção. Pode ser o caso, por exemplo, de palhas descartáveis se já possuir em casa palhas reutilizáveis.
Terceiro passo – Substituições
Assim que eliminar tudo o que considerar de correção simples deverão ficar a faltar os artigos para os quais necessita de material de substituição, os resíduos orgânicos e os materiais sem solução atual.
Neste grupo das substituições incluem-se por exemplo: guardanapos de papel, papel aderente, papel higiénico, pensos e tampões descartáveis, fraldas reutilizáveis, discos de limpeza descartáveis, escovas de dentes de plástico e escovas de limpeza plásticas.
Todos podem ser substituídos por versões reutilizáveis e laváveis, nomeadamente: guardanapos de pano, papel de cera de abelha, toalhitas higiénicas, pensos de tecido, copos menstruais, cuecas menstruais, fraldas de tecido, discos de limpeza em tecido, escovas de dentes com cabo em bambu e escovas de fibras naturais.
Por uma questão de sustentabilidade sugerimos que comece as suas substituições pelos artigos que encontrou mais vezes no seu lixo, contudo pode fazê-lo da forma que lhe for mais conveniente, a nível económico e de rotina familiar.
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Quarto passo - Compostar
Cumpridos os restantes passos, devem apenas restar em grande quantidade os resíduos orgânicos, e para eles também existe uma solução adequada a qualquer tipo de habitação: a compostagem.
A compostagem é o método de degradação dos resíduos orgânicos obtendo-se com o processo um composto/fertilizante sólido e um fertilizante líquido (nas versões domésticas).
Sugerimos que aplique um dos métodos simplificados: bokashi ou vermicompostagem, sendo o bokashi o mais simplificado de todos.
Para começar apenas necessita de comprar, ou construir, dois compostores e o respetivo farelo microbiano, sem o qual a degradação não será eficaz e rápida o suficiente.
Tendo o material preparado basta reservar todos os resíduos orgânicos sólidos (à exceção de ossos e resíduos já degradados – como por exemplo fruta ou legumes com bolor), cortá-los em pedaços pequenos e colocar em camadas bem pressionadas e alternadas com o farelo.
Todo o processo de compostagem bokashi funciona sem oxigénio pelo que recomendamos que mantenha os seus resíduos num recipiente de vidro ou metal hermético em local fresco e seco por 3 ou 4 dias. No Verão, devido à degradação ser acelerada pelas elevadas temperaturas, recomendamos que guarde o recipiente no frigorífico e antes de o colocar no bokashi garanta que o seu conteúdo retorna à temperatura ambiente.
Apenas necessita de repetir o processo de camadas até que o compostor esteja cheio e ir retirando o fertilizante líquido a cada 15 dias. Deixar maturar durante aproximadamente 30 dias, juntar a uma caixa impermeável com substrato e aguardar mais 2 meses, ou enterrar diretamente no solo da sua horta.
Se por outro lado optar por utilizar o sistema de vermicompostagem saiba tudo sobre o mesmo na publicação passada do Blog e aventure-se com essas minhocas especiais.
Com a aplicação destes quatro passos irá verificar uma redução drástica da quantidade de lixo que descarta, pois deverão ficar apenas artigos como papel vegetal, papel e cartão com gordura (que pode adicionar – em pequenas quantidades – ao compostor bokashi), material não reciclável e resíduos orgânicos com bolor.
E até para estes existe solução: reduzir, conservar e reutilizar.
Reduzindo as compras que realizamos ao mínimo indispensável e dando preferência a artigos não embalados, irá conseguir reduzir ao mínimo o descarte de material não reciclável. Adicionalmente, comprando apenas as quantidades necessárias de alimentos frescos e conservando-os devidamente, será possível prevenir a sua degradação e desperdício.
Reutilizando todos os materiais utilizáveis é possível evitar que se transformem em lixo. Podem ser exemplos neste caso: fitas, laços e sacas presente; sacas de rede de alimentos biológicos tipicamente comercializadas em grandes superfícies devido à obrigação legal de separação física dos alimentos desta proveniência; e rolhas de cortiça.
Sobre este tema dos resíduos fazemos questão de adicionar: o objetivo deverá ser sempre a redução de toda a quantidade de resíduos produzida, não apenas o descarte que realizamos no lixo comum, como foi o tema da publicação de hoje.
Para um futuro verdadeiramente sustentável é fulcral que reduzamos drasticamente a quantidade de resíduos geral e para tal é importante uma mudança de comportamento e a comunicação com as empresas produtoras e distribuidoras. Esta comunicação poderá ser feita de forma clara de várias formas: não comprando os artigos que consideramos não serem sustentáveis (um bom exemplo consiste nos alimentos frescos embalados em plástico ou artigos duplamente embalados) e entrando em contato direto com as entidades manifestando, de forma clara e educada, o desagrado pela inação face à necessidade de mudança necessária.
Comece devagar, aplique os passos de forma metódica e sem traçar objetivos demasiados ambiciosos, e verificará uma redução tão óbvia que não voltará mais atrás. Aliás, temos até certeza que o seu comportamento afetará e influenciará outros a fazer o mesmo.
É desta forma que alcançamos a mudança. Todos juntos.
Conteúdo incluído no "Guia do Dia da Terra: Atividades e dicas para celebrar esta data", criado em colaboração com a editora educativa Twinkl.