Cultive Alimentos, Não Tabaco

Cultive Alimentos, Não Tabaco
Fotografia de defika hendri / Unsplash

Amanhã, dia 31 de maio, assinala-se o Dia Mundial Sem Tabaco, no qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) e parceiros em todo o mundo destacam os riscos para a saúde associados ao uso do tabaco e defendem políticas eficazes para reduzir o seu cultivo e consumo.

Este ano sobre o tema “Cultive Alimentos, Não Tabaco” a campanha pretende incentivar a substituição do cultivo de tabaco mundial por alimentos fundamentais a uma dieta nutritiva e equilibrada.

Doors and side slats wide open for air to enter and dry Broadleaf tobacco hanging from lathes, in a typical 19th century style tobacco shed in Connecticut River Valley (this shed near Rye Street in South Windsor).
Fotografia de Rusty Watson / Unsplash

Um número impressionante de 349 milhões de pessoas em 79 países encontram-se numa situação de grave insegurança alimentar, mais de 30 destes países localizam-se no continente africano, e muitos destes utilizam grande parte da sua área agrícola para o cultivo de tabaco, ao invés de alimentos.

O consumo de tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas todos os anos, impacta negativamente a saúde dos agricultores que o cultivam e preparam, e prejudica gravemente o ambiente.

No que respeita à saúde, e de acordo com a OMS, um em cada quatro agricultores sofre de envenenamento por nicotina, devido ao manuseamento sem proteção das folhas de tabaco. A mesma nicotina que, em forma de pó durante a colheita e preparação, é também respirada (estima-se que uma quantidade aproximada a 50 cigarros por dia) e ainda é acumulada na pele, roupas e calçado e transportada para casa para ser também inalada por toda a família.

Durante o processo de cura o fumo libertado, prejudicial para a saúde, é respirado pelos trabalhadores responsáveis por este processo, o que contribui para o desenvolvimento de problemas pulmonares crónicos.

É importante reforçar que na maioria dos países onde o tabaco é produzido não existem leis nem proteções sociais para população de risco ou sensível, pelo que é frequente existirem trabalhadores menores e mulheres grávidas a realizarem todo o tipo de tarefas do ciclo produtivo do tabaco.

Sunset over Limuru tea farm
Fotografia de Irewolede / Unsplash

Relativamente ao ambiente o cultivo de tabaco tem também um impacto muito negativo pois é altamente exigente, no que respeita a nutrientes, para se desenvolver e dependente de fertilizantes e pesticidas para produzir as quantidades estipuladas. Assim, o seu cultivo conduz a um solo infértil e os produtos químicos utilizados, extremamente tóxicos, espalham-se por solos e massas de água e contaminam os alimentos e a água potável de toda a população local e, dependendo das condições, de toda uma região.

Adicionalmente e, de acordo com estudos especializados, o cultivo de tabaco é responsável por 5% de toda a desflorestação mundial. Consequentemente a esta desflorestação ocorre a perda de biodiversidade, pois as plantações são instaladas em qualquer local, em detrimento de todos os habitats e ecossistemas que possam existir nele. Estima-se que aproximadamente 200.000 ha são desflorestados anualmente para dar lugar a uma plantação de tabaco. Como ponto de comparação: é praticamente metade da área de Cabo Verde!

Como se ainda não fosse suficiente todos os impactos da sua produção no ambiente, o tabaco e, mais concretamente os cigarros, originam um dos resíduos mais nefastos e complexos do mundo: a beata. Carregada de substâncias químicas tóxicas para humanos e animais e com capacidades acumulativas nos organismos, vão-se degradando muito lentamente, são assimiladas pela vida selvagem, que as confunde com alimento, e contaminam solos, rios, mares e cadeia alimentar.

Gardener, in a fall garden. He is planting pumpkins.
Fotografia de Jed Owen / Unsplash

Os resultados dos estudos e análises são por demais evidentes, mas esta indústria é uma das mais antigas e poderosas do mundo, pelo que a mudança ocorre a uma velocidade muito lenta.

É fundamental uma ação governamental forte: que pare com os subsídios fornecidos aos agricultores pelo cultivo do tabaco e os substitua por incentivos ao cultivo de alimentos, que sensibilize os agricultores para a importância das práticas e alimentos sustentáveis e fundamentais para a segurança alimentar de cada país. Mas, todos também podemos, e devemos, contribuir para a mudança de paradigma, eis como:

  • parar de fumar o quanto antes – procure acompanhamento de especialistas na área e aconselhe-se sobre a forma mais adequada para deixar de fumar.
  • sensibilizar outros fumadores a fazerem o mesmo e partilhar experiências.
  • participar de ações de limpeza organizadas por associações ou grupos locais.
  • participar e contribuir para políticas públicas de incentivo ao abandono do tabaco.

Assinalando o Dia Mundial Sem Tabaco, que se celebra amanhã, partilhamos o cenário negro, mas real e atual, sobre o cultivo do tabaco e seus efeitos nefastos na saúde humana e ambiental.

Junte-se a nós nesta luta contra o cultivo e o consumo de tabaco. Por um futuro sustentável e saudável!

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