Dia Europeu do Mar: Compreender a Poluição de Mares e Oceanos
No próximo dia 20 celebra-se o Dia Europeu do Mar, uma data criada para relembrar a importância da proteção e preservação da biodiversidade existente nos mares de todo o mundo, assim como o potencial de inovação, investigação e cooperação contido nas suas águas.
Para assinalar este dia dedicamo-nos a uma consequência do atual estilo de vida que impacta muito negativamente este grande recurso planetário: a poluição por plástico.
Compreender como grandes quantidades de plástico alcançam os mares e oceanos é meio caminho andado para sabermos como o impedir e começar a controlar o problema.
Eis os principais factos atuais: o plástico invadiu a nossa vida devido às suas inúmeras funcionalidades, facilidade de produção, durabilidade, baixo preço e peso leve, o que o torna ideal para grandes produções e longas distâncias. Todos os anos são produzidas mais de 400 milhões de toneladas deste material para os mais variados fins. O que equivale praticamente ao mesmo peso de todos os humanos que habitam no planeta Terra!
A quantidade de plástico que produzimos e utilizamos continua a aumentar exponencialmente, contudo apenas uma pequena fração alcança os mares e oceanos. De acordo com dados recentes 80% de todo o plástico consumido é recolhido de forma segura e encaminhado para as diversas formas de tratamento disponíveis nos vários países, mas os restantes 20% são incorretamente descartados e acabam a vaguear pelo ambiente.
Os países ricos consomem a maior quantidade de plástico, contudo os seus sistemas de recolha e tratamento são mais eficazes, pelo que a quantidade de plástico errante que produzem torna-se pequena. No outro extremo, nos países mais pobres, o consumo de plástico é mínimo, o que os torna pouco, ou nada, contribuintes para este problema, apesar de os seus sistemas de recolha e tratamento serem ineficazes ou inexistentes.
Assim conclui-se que a poluição marinha por plástico se gera principalmente nos países a meio da tabela e em grande desenvolvimento, pois o consumo deste material é muito elevado e os sistemas de recolha e tratamento ainda não acompanham o aumento exponencial.
Com os dados atuais compreendemos agora que a maior parte do plástico incorretamente descartado fica em terra, mas cidades costeiras ou fluviais contribuem ativamente para a existência de plástico nos mares e oceanos, pois com muita facilidade plástico errante em terra é encaminhado para rios com o auxílio do vento e das chuvas.
Cerca de 80% de todo o plástico flutuante em rios acaba por dar à costa nas praias e áreas costeiras da zona, o que se transforma num grave problema para os ecossistemas locais, pesca e turismo. Os restantes 20% irão depositar-se nos fundos, boiar durante anos ou décadas, nessas áreas marinhas costeiras, e eventualmente, alcançar o oceano onde ficarão flutuantes durante mais algumas décadas, talvez até séculos, ao sabor das correntes marítimas, criando as infames e já conhecidas por todo o mundo: Ilhas de Plástico.
Contagens recentes dão conta que a principal e mais conhecida Ilha de Plástico do Pacífico possui neste momento uma área de 1,6 milhões de km2, o que equivale a três vezes o tamanho da França!
Durante todo este tempo passado a flutuar o material plástico é consumido por vida selvagem, que o confunde com alimento, acabando por sofrer graves consequências, e também continua a degradar-se lentamente, libertando microplásticos para a água que, por sua vez, irão também ser incorporados na cadeia alimentar e alcançar facilmente as nossas refeições (principalmente em países cuja principal fonte de proteína é o pescado).
A poluição marítima por plástico é um problema urgente e global e, embora existam já empresas dedicadas à recolha e tratamento do plástico flutuante (como a extraordinária The Ocean CleanUp), será um trabalho sem fim e um enorme problema de saúde pública mundial se o consumo de plástico não reduzir drasticamente.
Todos temos responsabilidade onde quer que habitemos, pois é o nosso consumo que gera a produção. Se todos dermos um sinal claro de que pretendemos uma redução efetiva na produção de plástico não essencial, as marcas e fabricantes vão ser forçadas a alterar as suas estratégias.
Da próxima vez que estiver a pensar comprar um artigo com plástico:
- pense duas vezes se realmente precisa dele
- se não existem alternativas sem este material
- quanto tempo vai usá-lo
- se é reutilizável ou, no limite, reciclável.
Se chegar à conclusão de que o seu uso será momentâneo, ou curto, e não existe reutilização ou reciclagem possível, não compre.
Todos podemos criar um impacto verdadeiramente positivo no planeta e contribuir para um futuro sustentável, basta começar, e hoje é um ótimo dia. Junta-se a nós?