Dicas para Conservar Alimentos no Frigorífico
De acordo com dados recentes, em Portugal desperdiçamos cerca de 17% de toda a comida produzida, o equivalente a cerca de 1 milhão de toneladas por ano, sendo que as habitações portuguesas contribuem para 31,43% do desperdício total da União Europeia (Fontes: Do Campo ao Garfo. Desperdício Alimentar em Portugal e Prevenir Desperdício Alimentar).
Todos os alimentos são preciosos pois carregam consigo a grande quantidade de água necessária à sua produção, a devida percentagem de solo utilizado, o trabalho de inúmeros agricultores, distribuidores e lojistas e toda a poluição gerada durante a sua produção e transporte. Todos completamente descartados sempre que os desperdiçamos.
Uma das razões pelas quais muitos alimentos frescos são desperdiçados consiste no mau acondicionamento dos mesmos após a compra. Comprar em pequenas quantidades e mais frequentemente ajuda a reduzir a probabilidade de desperdício, contudo esta prática pode não ser possível para todos, e assim o frigorífico torna-se num aliado importante cuja utilização deve ser bem compreendida e maximizada.
Neste sentido hoje partilhamos dicas sobre o correto armazenamento de alimentos no frigorífico.
A primeira dica fundamental diz respeito à temperatura do equipamento, que deve manter-se nos 5.ºC ou abaixo, não devendo ser influenciada por nenhum alimento a colocar no interior, ou seja, não devem ser acondicionados no frigorífico alimentos ainda quentes, pois irão afetar a temperatura interior e os restantes alimentos guardados.
Deve-se por isso deixar arrefecer os alimentos no exterior, devidamente protegidos e apenas até alcançarem a temperatura ambiente, o que, em dias quentes, deve ser facilitado movendo os alimentos para outro recipiente e colocando-os em banhos frios, por uma questão de segurança alimentar.
A segunda dica diz respeito ao funcionamento do próprio equipamento, que necessita de espaço livre para cumprir a sua função.
Assim as prateleiras e gavetas não devem ser preenchidas em demasia, pois tal bloqueia a circulação do ar frio impedindo que refresque os alimentos devidamente. As prateleiras e gavetas devem assim ser organizadas tendo em conta a manutenção de espaço livre entre os alimentos guardados e entre as prateleiras em si.
A terceira dica foca-se nos alimentos em si.
Frutas e legumes normalmente preferem uma temperatura fria para se manterem em boas condições durante mais tempo, no entanto, frutas tropicais, frutas que produzem etileno e frutas e legumes com elevado conteúdo de água, não devem ser armazenadas no frigorífico.
Desta forma ananás, banana, manga, citrinos, melancia, abacate, pera, quivi, pêssego, nectarina, ameixa e tomate, devem ser acondicionados à temperatura ambiente (desde que não seja muito alta, entre 15.ºC a 16.ºC é o ideal) e apenas guardados no frigorífico quando maduros e prontos a comer (para evitar que continuem a amadurecer e se estraguem).
Vegetais com revestimento duro como sejam a família das abóboras, alhos e cebolas devem manter-se, juntamente com os ovos, à temperatura ambiente em local seco e fresco.
A quarta dica diz respeito às diferentes zonas do frigorífico. Legumes e frutas com exterior duro, como por exemplo as couves, podem ser acondicionadas diretamente nas gavetas mais frias do frigorífico. No caso de alimentos inteiros menos resistentes como os cogumelos ou abacates podem ser envolvidos em wraps de cera de abelha para uma melhor armazenagem.
Para todos os legumes previamente cortados uma melhor conservação é garantida utilizando embalagens herméticas e colocando-as nas prateleiras intermédias do frigorífico. Frutas com elevado teor de água já maduras como as amoras, framboesas, cerejas, uvas e figos devem ser acondicionadas em embalagens herméticas bem organizadas, não devendo sobrepor-se, pois, tendem a desenvolver mofo.
Também nas prateleiras de baixo (mais frias) devem ser acondicionadas as carnes, nas intermédias os queijos, iogurtes e os preparados como o tofu, nas de cima a manteiga, os artigos fermentados e todos os que não necessitem de temperaturas mais baixas.
Por último na porta devem ser acondicionados os alimentos não sensíveis a alterações de temperatura como as bebidas, os condimentos, as compotas e os molhos.
A quinta dica relaciona-se com o nosso próprio comportamento e organização. As frutas e legumes não devem ser lavadas antes de acondicionadas. Pode e deve ser removida a terra, se existir, contudo não devem ser lavados em profundidade, pois seria necessário secá-los totalmente antes de os guardar para evitar que se estraguem. Assim torna-se mais simples lavar em profundidade antes de utilizar.
Antes de guardar os alimentos no frigorífico todos devem ser verificados e devem ser descartados os que se apresentam com bolor ou aspeto diferente. Todos os alimentos pré-preparados ou já confecionados devem ser acondicionados sempre em embalagens totalmente fechadas (incluindo por exemplo conservas abertas, cujo conteúdo deve ser transferido para uma embalagem ao invés de ser mantido na original aberta). Por uma questão de acumulação de odores não devem ser mantidos expostos alimentos com aroma intenso, como sejam as cebolas, devendo ser colocadas em embalagem ou wrap de cera próprio.
A sexta e última dica refere-se à limpeza do equipamento. O estado de limpeza do frigorífico é fundamental para a manutenção correta dos alimentos no seu interior. Sempre que seja verificada sujidade evidente a mesma deve ser limpa no momento recorrendo a água com vinagre ou sumo de limão.
Limpezas gerais recomendam-se de três em três meses, removendo, para tal, todas as gavetas e prateleiras e usando a mesma mistura anterior, ou água com sabão natural. Para a remoção de cheiros aconselha-se a manutenção de um prato ou taça pequena com bicarbonato de sódio numa prateleira intermédia do frigorífico, substituindo aquando da limpeza do frigorífico (de três em três meses).
Seis conjuntos de dicas para que a conservação de alimentos no frigorífico seja bem conseguida e assim seja possível prevenir o desperdício alimentar.
Esperamos que esta informação tenha sido útil e que o tenha motivado a organizar e condicionar devidamente os seus alimentos. Poupe a carteira e o ambiente!