Novo Guia de Consumo de Proteína em Portugal
De acordo com dados recentes os sistemas alimentares implementados têm um impacto profundo no planeta. Está comprovado que: 50% das terras agrícolas se encontram moderada ou severamente afetadas pela desertificação e degradação ambiental devido aos cultivos intensivos, contribuem com 26% das emissões globais de gases de efeito de estufa, para 70% da perda da biodiversidade terrestre, e ainda consomem 70% de toda a água doce disponível.
Uma transição para dietas mais saudáveis, responsáveis e sustentáveis é fundamental para mudarmos o paradigma, influenciarmos a economia local e global, a nossa qualidade de vida, o clima e a biodiversidade, na direção de um futuro sustentável para todos.
Neste sentido a Eat4Change (com tradução informal “Comer para Mudar”), uma iniciativa internacional que pretende promover uma transição para dietas sustentáveis em conjunto com empresas e autoridades, lançou o Novo Guia de Consumo de Proteína em Portugal.
Neste guia é bem expressa a fundamental necessidade de transformarmos as nossas dietas no sentido da redução da quantidade de proteína animal consumida, da introdução de uma maior variedade de alimentos, do respeito pela sazonalidade e preferência pelos produtos frescos, ao invés dos processados, e ainda da opção por alimentos provenientes de modos de produção mais sustentáveis, como a agricultura biológica e/ou com origem em comércio justo. Valores com que a equipa Murta se identifica completamente e tem tentado também veicular à sua maneira.
Adicionalmente o guia apresenta uma descrição pormenorizada das proteínas animais e vegetais mais consumidas em Portugal e avalia cada uma consoante os seguintes critérios: impacto sobre a biodiversidade, de acordo com a extensão de uso de solo utilizada na produção; pegada climática, através da quantidade de gases com efeito de estufa emitidos na produção, transporte e processamento; e uso de pesticidas, para o qual foi calculada a quantidade de ingredientes ativos utilizada na produção de cada proteína.
Eis as principais conclusões deste guia:
- o consumo de carne de bovino e suíno deve ser evitado. Aquando do mesmo deve optar-se por carne portuguesa de produção biológica.
- o consumo de carne de frango, peru, pato, ovino e caprino deve ser repensado. Aquando do consumo deve optar-se por produção portuguesa e biológica.
O gado requer uma grande quantidade de alimento disponível ocupando por isso muita área de pastagem, ou muita terra cultivada para a produção de rações para a sua alimentação, o que é, em regra, prejudicial para o ambiente. Por isso, o seu consumo deve ser evitado ou repensado.
Sobre produtos de origem vegetal:
- A inclusão na dieta de cereais como o trigo, o centeio, a cevada, o milho e a aveia representa, no geral, uma escolha razoável com destaque para os cereais produzidos biologicamente no nosso país.
- As leguminosas de origem nacional representam uma escolha razoável, sendo que as ervilhas, feijão-verde e favas secas, assim como as leguminosas biológicas são consideradas a melhor escolha.
- O consumo de frutos secos deve ser repensado sendo que a escolha mais razoável consiste nos frutos secos de produção biológica nacional (amêndoas, avelãs, nozes e castanhas).
- A soja e os cogumelos consumidos em Portugal são também escolhas razoáveis, contudo os cogumelos nacionais de origem biológica apresentam-se como a melhor escolha de todas.
No geral, a inclusão de cereais, leguminosas e frutos secos na dieta representa uma escolha razoável ou ótima, no entanto em alguns casos o seu consumo deve ser evitado ou repensado, pois a elevada utilização de pesticidas, assim como o baixo rendimento de algumas produções, condiciona a sua avaliação. A produção agrícola biológica representa sempre a melhor escolha.
Este resumo do guia não dispensa a sua consulta direta. Consideramos que é um documento de fácil interpretação e entendimento, sendo por isso acessível a todos. Para o acesso ao documento basta visitar a plataforma oficial da iniciativa Eat4Change e descarregá-lo sem qualquer custo.
Compreendemos que estes resultados apresentados comportam uma problemática: praticamente todos os alimentos considerados como saudáveis e sustentáveis são provenientes de produção biológica que, em comparação com os restantes alimentos provenientes de produção convencional, ainda é dispendiosa para o consumidor.
Não somos indiferentes a esta temática, pelo contrário, frequentemente apresentamos sugestões e dicas faça-você-mesmo no sentido de permitir uma poupança, um melhor aproveitamento dos alimentos e assim garantir recursos para uma compra melhor.
Acreditamos que uma organização efetiva do orçamento disponível e a criação de um plano de refeições semanal, com menor quantidade de proteína animal e mais frutas e vegetais, permitirá pôr em prática uma alimentação mais saudável e sustentável para toda a família.
Esperamos que este tema tenha sido de interesse e portador da motivação necessária para o fazer repensar a dieta da família, em prol da saúde e de um amanhã sustentável para todos.