Cultivar a Partir de Desperdício de Alimentos
Hoje celebra-se o Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar. Data criada em 2020 pela Organização das Nações Unidas com o objetivo de sensibilizar para o desperdício alimentar que se encontra em evidente contraste com a fome, que cada vez afeta mais população a nível mundial, ao passo que cada vez mais comida é desperdiçada diariamente.
Esta é uma temática que consideramos muito importante, na rubrica Cozinha Zero Desperdício partilhamos regularmente sugestões de receitas para aproveitar todas as partes comestíveis dos alimentos, e acreditamos verdadeiramente que pequenas mudanças na rotina são capazes de promover verdadeiras revoluções alimentares!
Como não podia deixar de ser, nesta data abordamos o desperdício alimentar, mas fazemo-lo de uma forma diferente. Hoje, partilhamos ideias para replantar três alimentos através de partes dos mesmos, que de outra forma, seriam desperdiçadas.
Eis os métodos, sugeridos pela Katie Elzer-Peters no livro Tudo se Aproveita (edição da Arte Plural), para produzir novas folhas de cenouras, cebolas e batatas.
Como as cenouras são vegetais de raízes bianuais quando as compramos já não há forma de replantar parte da raiz, mas é sempre possível produzir novas folhas verdes, que são deliciosas em substituição da salsa em saladas, sopas e sandes. Para replantar é fulcral que as cenouras compradas ainda detenham parte do seu caule e precisa de:
- cortar 2,5cm do topo da cenoura (remover as folhas se existirem deixando o topo intacto)
- encher um vaso com substrato, regar, plantar as “cenouras” com os topos para cima enterrando-as cerca de metade
- colocar o vaso numa zona com sol e manter a terra húmida. As folhas irão começar a aparecer e podem ser cortadas à medida das necessidades, até deixarem de crescer. Se o local for bastante ensolarado com sorte podem desenvolver-se flores e assim tornar possível a recolha de sementes.
As cebolas, por seu lado, são simples de replantar. Basta uma cebola já a germinar (é possível identificar facilmente pois apresentam um caule verde) e seguir os seguintes passos:
- com uma faca desinfetada cortar cuidadosamente a cebola em germinação ao meio e descamar as camadas exteriores de forma a chegar aos rebentos do interior. É possível que existam vários numa só cebola.
- encher um vaso com substrato e plantar os rebentos de cebola com cerca de 5cm entre eles enterrando as raízes e a planta a cerca de 2,5cm de profundidade (deixando de fora o topo verde)
- regar, colocar o vaso num local ensolarado e manter húmido
- deixar crescer até os topos ficarem castanhos, retirar e deixar curar. Posteriormente podem ser armazenadas num sítio fresco e seco.
As batatas possuem um processo de replantação com mais fases, contudo é simples na mesma e vale bem a pena experimentar. É necessário:
- lavar as batatas e identificar os olhos. Com uma faca desinfetada cortar pedaços de 2 a 5cm e que incluam dois olhos
- colocar os pedaços num sítio fresco e seco para curar (este passo destina-se a conferir proteção à batata e evitar que seja imediatamente consumida por microrganismos assim que for colocada na terra)
- colocar terra numa vaso grande (ou num saco de cultivo fundo ou largo), deixar 15cm de distância entre os pedaços e cobrir com 5 a 8cm de terra
- posicionar o vaso ou saco num local com boa exposição solar mantendo o solo húmido.
À medida que os caules crescem:
- acrescentar terra por cima deixando sempre 2 a 3 conjuntos de folhas acima da linha do solo
- regar se existir pouca chuva e colher as batatas novas 3 semanas após florirem e as restantes cerca de 2 semanas após a folhagem ficar amarela. Após desenterrar deixar secar por 2 ou 3 dias. Passado esse tempo limpar e armazenar em local abrigado da luz solar e fresco.
Uma nota importante sobre os alimentos a escolher para replantar, quer sejam cenouras, cebolas ou batatas, os mesmos devem ser biológicos e ter um sabor que considere agradável, pois ao replicarmos essas plantas vamos replicar também o seu sabor, pelo que faz sentido escolher as que nos tenham agradado.
Três sugestões, com mais ou menos passos, que permitem aproveitar partes de alimentos para cultivar novos.
Numa conjugação entre prevenção de desperdício alimentar e cultivo dos próprios alimentos esperamos ter conseguido motivá-lo a tentar pelo menos uma destas opções, poupando assim o ambiente e a carteira.