Dicas para Criar uma Lista de Compras Sustentável

Dicas para Criar uma Lista de Compras Sustentável
Fotografia de Ilham

Ontem assinalou-se o Dia Nacional da Sustentabilidade. Muito se debate sobre o tema, mas ainda há tanto por fazer. E as falhas por demais evidentes encontram-se nas tarefas mais mundanas e recorrentes.

Na nossa jornada por uma rotina sustentável deparamo-nos com inúmeros problemas e até comodidades que foi, e é, necessário ultrapassar para ser efetivamente possível criar um menor impacto no ambiente com o nosso estilo de vida.

Durante todo este percurso, que continua e continuará, compreendemos que um dos principais problemas consiste no planeamento e execução das compras necessárias ao dia-a-dia. Assim, estruturamos uma série de dicas, divididas por categoria de produto, que acreditamos podem esclarecer dúvidas reais e instigar à realização de compras mais respeitadoras do ambiente e até, porventura, mais económicas.

Fotografia de Inigo de La Maza

Alimentos Frescos

As frutas e os vegetais são dos artigos mais utilizados como exemplos para compras a granel, pois são, efetivamente, a categoria mais simples de os assim comprar. Praticamente todas as superfícies comerciais, grandes ou pequenas, possuem alimentos frescos disponíveis para compras sem embalagem ou com embalagem própria.

Mas comprar frescos de forma sustentável não é apenas isso. Uma compra sustentável deste tipo de alimentos envolve mais duas variáveis: a produção e a origem.

Idealmente deve ser dada preferência pela produção biológica, pois o respeito pelos recursos naturais e a redução de utilização de produtos químicos tóxicos são assegurados, contudo bem sabemos que alguns produtos (não todos!) podem ser demasiado dispendiosos para algumas carteiras. A nossa sugestão passa por confirmarem sempre quais os frescos biológicos disponíveis e o seu preço, antes de assumirem que serão mais caros, pois nem sempre é essa a realidade, principalmente em mercados e comércios locais biológicos.

Fotografia de Samuel C. / Unsplash

Em caso de dúvida optar por alimentos frescos não biológicos mas de origem portuguesa. Desta forma é garantida uma menor pegada ecológica associada ao transporte, o que auxilia a reduzir o impacto geral da alimentação.

Por regra, no nosso país, os alimentos frescos biológicos são provenientes de produtores nacionais, espanhóis e eventualmente dos Países Baixos e Polónia, contudo quanto mais afastada for a origem dos alimentos, menos lógica fará a sua aquisição. Um alimento fresco que viaja longas distâncias é colhido, processado e embalado com antecedência, para que possa aguentar a viagem e ainda o tempo previsto de prateleira, pelo que nutricionalmente é muito deficitário seja, ou não, biológico.

Quanto ao pescado é fundamental ter em consideração a certificação, a tipologia de pesca e a espécie. Sobre a certificação deve dar-se preferência ao pescado com indicação de cumprimento de requisitos de sustentabilidade ASC ou MSC. No que respeita à tipologia de pesca deve optar-se pelas artes tradicionais e pouco invasivas, evitando a pesca por arrasto, e para a espécie de pescado deve optar-se por espécies cuja captura ainda é recomendada.

Eis o resumo das dicas para a compra de frutas, vegetais, carne e peixe: sem embalagem/com embalagem própria, proveniente de produção biológica ou certificada e de produtores nacionais. Esta lógica pode também ser aplicada atualmente aos cogumelos.

frozen berries
Fotografia de Mike Kenneally / Unsplash

Alimentos Congelados

A gama de alimentos congelados é muito variada contudo, e infelizmente, a sua possibilidade de compra a granel é diminuta, pelo que a embalagem é praticamente garantida. Contudo é sempre possível comprar em quantidade de forma a reduzir o número de embalagens descartadas, uma vez que estes artigos possuem uma validade prolongada e podem ser facilmente conservados.

Tal como para os alimentos frescos também a prioridade nos alimentos congelados deve ser dada aos alimentos biológicos, quando os houver, à proveniência nacional – ou pelo menos próxima, e a alimentos simples, ou seja não preparados. Quanto mais processados forem os alimentos mais pegada ecológica vão ter, desta feita associada ao seu processo produtivo industrializado. A exceção deste último ponto serão os comércios que disponibilizam refeições ultracongeladas produzidas por eles próprios para levantamento em loja.

Quanto ao pescado congelado o princípio é exatamente o mesmo que para o comprado fresco, incluindo peixe, moluscos e marisco.

Em resumo compras sustentáveis de alimentos congelados correspondem a: sem embalagem ou com embalagem familiar, não preparados e ultraprocessados, biológico ou certificado, e nacional ou, pelo menos, europeu.

The image depicts a grocery store aisle stocked with bags of rice and beans, including brands like Tío Pelón. Sales offers are prominently displayed, highlighting the essentials for many households.
Fotografia de Bernd 📷 Dittrich / Unsplash

Mercearia

Numa ótica de simplificação nesta categoria incluímos todos os artigos à exceção de detergentes, cosméticos e produtos de higiene. Apesar de abrangente, esta categoria é simples de encarar com algumas dicas sobre embalagem, tipologia de produto e origem.

Sobre a embalagem aplicam-se as mesmas dicas mencionadas anteriormente: preferir sem embalagem/com embalagem própria trazida de casa ou embalagem familiar (1kg - 5kg). Cada vez são mais frequentes os pontos de granel em todo o tipo de superfícies comerciais e, felizmente, são também cada vez mais frequentes as embalagens de maiores dimensões, que são, por regra, também mais baratas.

Também nesta categoria a preferência por alimentos simples como farinha, arroz e frutos secos ao invés dos preparados (como barras de cereais, massas pré-feitas e enlatados complexos) beneficia o ambiente com uma pegada ecológica inferior, assim como a sua produção em modo biológico ou certificado (caso de alimentos essenciais invariavelmente tropicais, como o café).

Relativamente à origem mantêm-se a importância da preferência por artigos nacionais ou, pelo menos para todos os artigos não tropicais, União Europeia (UE), com uma particularidade: é fundamental tirar tempo para ler os rótulos devidamente. Nestes é apresentada informação sobre a proveniência dos alimentos e não é verdade que uma marca, por exemplo, de leite portuguesa apenas utilize leite nacional, infelizmente, tal não coincide com a realidade e essa informação consta do rótulo. Se não constar informação nenhuma sobre a proveniência dos alimentos a nossa recomendação é não comprar.

Assim para compras de mercearia sustentáveis apresentamos as seguintes dicas em resumo: sem embalagem ou embalagem familiar, alimentos simples ao invés de pré-preparados e origem dos alimentos nacional, ou no mínimo, da UE.

Homemade citrus peel & vinegar multi-purpose cleaner
Fotografia de Precious Plastic Melbourne / Unsplash

Detergentes

Decidimos destacar esta categoria das demais devido à sua particular importância para o ambiente. Não há qualquer dúvida científica que os detergentes industrializados para a lavagem e limpeza de tudo um pouco são muito prejudiciais para os ecossistemas marinhos e até para a nossa saúde.

Desta forma não nos cansamos de apelar para a sua substituição por opções naturais, biodegradáveis ou, pelo menos, certificadas.

Substâncias simples como o bicarbonato de sódio, o percarborato de sódio e o ácido cítrico, em conjugação com água, vinagre e sabão natural ralado, conseguem eliminar todo o tipo de sujidade de todo o tipo de superfícies, louças e roupas, sendo simultaneamente biodegradáveis, económicas e totalmente seguras para a saúde de todos os membros da família, incluindo bebés e animais.

Se estas substâncias não forem do seu agrado pessoal, pois prefere uma solução já pronta ou um determinado aroma ou funcionalidade, deve escolher apenas detergentes com certificação EcoLabel ou ingredientes biodegradáveis, pois apenas assim é garantido um impacto reduzido nos ecossistemas marinhos.

Seguindo a mesma lógica anterior sempre que possível os detergentes devem ser comprados a granel ou em embalagens de papel ou plástico recicláveis, dar-se preferência às tipologias de pó e/ou concentrada e fabrico de nível nacional ou europeu.

Artisan soap at a local horticultural event
Photo by Chris Ross-Lewin / Unsplash

Cosmética e Higiene

Por último, mas não menos importante, sobre os cosméticos e higiene muito poderíamos mencionar, mas vamos simplificar ao máximo com estas dicas essenciais:

- dar preferência a cosméticos sólidos naturais de longa duração

- sempre que possível optar por produtos vegan e biológicos

- para todos os produtos com utilização familiar ou muita utilização: escolher embalagens de grandes dimensões ou com o mínimo de embalagem possível

- optar por artigos de higiene reutilizáveis ao invés de descartáveis, como sejam cotonetes, discos de limpeza, toalhitas e pensos menstruais

- preferir produção nacional e artesanal.

Todas apresentam um baixo impacto no consumo destes artigos fundamentais à rotina do dia-a-dia e vão reduzir significativamente a pegada ecológica da higiene pessoal.

Zero waste lifestlye – shop cereals, crunchy muesli and cornflakes in your reusable glasses without packaging
Fotografia de Markus Spiske / Unsplash

E aí estão. Dicas simples que consideramos fundamentais para a transformação da sua rotina de compras um passo sustentável de cada vez.

São dicas que colocamos em prática diariamente e que sabemos não serão iguais para todos nem para todas as realidades, e podem implicar algumas alterações de rotina, como por exemplo, passar a comprar alguns dos artigos que não encontra em “versão sustentável” em lojas online, ao invés de os comprar no supermercado porque é mais cómodo. Ou também implicar uma deslocação a um mercado ou comércio específico (por exemplo biológico ou granel) para adquirir determinados produtos ou alimentos que não consegue encontrar certificados noutro local (como por exemplo o café e o chocolate).

Se estas pequenas alterações não provocarem uma enorme mudança na sua rotina, experimente-as. Pode chegar à conclusão que os artigos valem verdadeiramente o “desvio” e começar a incluir estas compras na sua rotina. Somos parciais, mas acreditamos que pela nossa saúde e pelo ambiente vale sempre a pena tentar.

Sobre este tema não podíamos não mencionar a nossa Loja Online onde consegue encontrar artigos sustentáveis nas categorias mencionadas de detergentes, cosmética, higiene, e muito mais. Visite-nos e comprove o que de bom se faz em Portugal em prol de um amanhã melhor para todos.

Murta Atitude Natural

Murta Atitude Natural

Microempresa portuguesa dedicada à promoção de um estilo de vida sustentável valorizando o que de melhor se faz no nosso país. Com novidades regulares no Blog e Loja Online. Esperamos por vocês!