Poupar e Simplificar no Momento de Semear

A sementeira é, sem sombra de dúvida, o formato de cultivo mais económico e sustentável, em comparação à compra de plantículas ou plantas já desenvolvidas. Com um pequeno número de sementes, por regra pouco dispendiosas, é possível obter a seu tempo, plantas prontas a serem degustadas.

De modo informal, semear consiste no ato que propícia o germinar das sementes, ou seja, é a ação na qual são fornecidas todas as condições necessárias à germinação das espécie: um substrato e água.

Se está a planear os seus cultivos de Primavera-Verão aconselhamos vivamente a que opte por semear, pois assim garantirá um maior controlo sobre todo o processo e previne a adição de fertilizantes. Tem apenas de planear e organizar a sua sementeira consoante os tempos de desenvolvimento das espécies que escolheu, e começar.

Para ajudar hoje partilhamos algumas dicas e ideias para uma sementeira bem sucedida, simplificada e económica.

Um passo importante, e por vezes negligenciado por jardineiros iniciantes ou já acostumados, consiste na demolha das sementes.

Demolhar as sementes remove as suas defesas naturais e os inibidores de germinação, melhorando assim as hipóteses de germinação e acelerando todo o processo, em comparação com a aplicação direta das sementes secas.

Este processo, contudo, só faz sentido para espécies com sementes de grandes dimensões, como por exemplo os feijões, os girassóis, os pepinos, as ervilhas e as abóboras. Todas as sementes de pequena dimensão não necessitam de ser demolhadas, nem devem, pois este processo apenas conduziria a uma aglomeração de sementes e a uma sobrelotação desnecessária do local de sementeira.

Para demolhar apenas necessita de colocar as sementes que pretende semear numa taça ou prato com fundo e cobri-las com água morna. Não utilize água muito quente, pois tal irá funcionar contra si e inibir a germinação. Deixar de molho durante a noite, e nunca mais de 24 horas. É também fundamental semear as sementes hidratadas no momento, sem as deixar secar, ou não irão germinar.

Assim que temos as sementes prontas a semear podem surgir algumas dúvidas, como por exemplo: onde semear? Que substrato utilizar? Como conseguir poupar e simplificar neste processo? Ora segue o nosso esclarecimento.

Quando falamos em semear para produzir plantas completas, e não germinados ou microvegetais, necessitamos de um substrato que permita às sementes iniciar o seu desenvolvimento correto e de rega. Para este passo aconselhamos a compra de um substrato/terra própria para germinação, à partida mais económica. Este substrato “próprio” nada mais é do que uma terra com poucos ou quase nenhuns nutrientes, pois as sementes no processo de germinação não necessitam de nutrientes, têm tudo o que precisam no seu interior.

Se, no entanto, pretender semear já em vasos definitivos ou quase definitivos, recomendamos que escolha um substrato biológico adequado ao cultivo que se encontra a efetuar, em regra com uma boa mistura de matéria orgânica e material de arejamento, para que consiga criar um ambiente nutritivo e bem arejado para as suas plantas.

Uma solução mais simples e que propicia uma sementeira mais limpa consiste em semear em discos de coco em substituição da terra, que devem ser previamente deixados a demolhar em água até que, pelo menos, tripliquem de tamanho, e basta colocar a semente no espacinho existente para esse mesmo fim.

Com o substrato resolvido falta escolher o suporte. É possível fazer sementeira onde bem entender, pois as sementes para germinar não necessitam de espaço, a planta quando já desenvolvida, sim.

Assim, é possível semear num prato fundo, em alvéolos (suportes próprios com quadradinhos dedicados apresentado na imagem), vasos pequenos ou grandes. Recomendamos que numa ótica de poupança de espaço, tempo e recursos plante de acordo com as condições ideais da sua semente (apresentadas na saqueta), nomeadamente em tabuleiro ou diretamente respeitando as distâncias necessárias à planta adulta.

Por norma consideramos ser sempre mais eficaz, pois nem todas as sementes germinam, semear num suporte à parte, escolher as sementes mais fortes das que germinaram e plantar apenas essas em local definitivo, assim que já tiverem desenvolvido folhas para além das iniciais.

Para soluções mais criativas e económicas pode também utilizar cascas e caixas de ovos ou metades de citrinos (tenha apenas em atenção para não regar demais nem de menos, pois não terá furos de drenagem). Para ideias mais experimentais, mas com eficácia comprovada, pode ainda semear em bananas inteiras maduras ou folhas de aloé vera. Basta fazer alguns furinhos espaçados em ambos os “substratos” e colocar lá as suas sementes. Neste método nem precisa de regar.

Em outras dicas mencionamos também que é fundamental que não enterre demais as sementes no substrato ou não terão “força” para germinar. No geral é recomendado não ultrapassar 3 vezes o tamanho da sua semente em profundidade.

No que respeita à rega, deve ir mantendo o solo húmido, mas não encharcado, enquanto as suas sementes não germinam e assim que germinarem. Dois métodos muito funcionais para evitar excessos de água consiste no pousar do suporte em água, para que a terra absorva a quantidade de água que precisa ao seu ritmo, ou utilizar um pulverizador.

No que respeita à exposição solar a germinação ocorre com mais eficácia quando a sementeira é realizada em local exposto a luz solar, mas protegido do sol direto. Assim que as suas sementes germinarem e já forem plantículas, recomendamos que as deixe banharem-se com os raios do astro rei pelo menos algumas horas por dia, para que ganhem energia e se desenvolvam.

E aí estão. As nossas principais dicas e sugestões práticas e económicas para uma sementeira correta e com bons resultados.

Esperamos ter esclarecido as suas dúvidas e que tenha ficado motivado a cultivar alguns dos seus próprios alimentos, na horta, em vasos à janela ou no terraço ou até em sacos de cultivo.

Escolha as suas plantas ou ervas favoritas e experimente. Crie uma experiência familiar com uma sementeira e o observar do desenvolvimento das plantas que farão parte das futuras refeições. É garantido que os miúdos não dirão que não querem experimentar, afinal eles ajudaram a planta a crescer.

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