Preservar Frutas de Julho
Nesta rubrica mensal partilhamos receitas para preservar legumes e frutas que se encaminham para o seu período de escassez natural.
Neste mês são disso exemplo o alperce, a cereja e a ginja.
Já anteriormente partilhamos algumas utilizações para o alperce e para a cereja, nomeadamente licor de alperce que aproveita caroços, chá e almofadas terapêuticas com pedúnculos e caroços de cereja, pelo que hoje dedicamos toda a nossa atenção à restante fruta: a ginja.
A ginja é um parente próximo da cereja e já é cultivada em Portugal desde o século XV, maioritariamente utilizada, na altura, para fins medicinais. De acordo com historiadores em 1755, já existiam em Lisboa estabelecimentos que vendiam ginjas mergulhadas em aguardente, bebida que mais tarde viria a ficar conhecida como ginjinha, hoje património gastronómico da região centro do país e, mais concretamente, de Óbidos.
Embalados pela história e tradição antiga desta fruta, de sabor mais ácido que a prima cereja, partilhamos hoje duas receitas para preservar o seu sabor e nutrição para os meses mais frios: o doce e o licor de ginja (receitas de Tradições Doces e Mulher Portuguesa).
Para o doce apenas necessita de: lavar e descaroçar 1Kg de ginjas e num tacho juntá-las a 800g de açúcar, 1 casca fina de limão e 50mL de sumo do mesmo limão. Deixar ferver até atingir o ponto de estrada (quando tentar separar o líquido numa colher ele mantém-se em dois lados opostos, assemelhando-se a uma estrada). Retirar o pau de canela e a casca de limão e verter para frascos esterilizados.
Para o licor os passos são também simples, contudo é um processo mais demorado devido à necessidade de maturação da bebida. Precisa de: lavar bem 1Kg de ginjas, com ou sem caroço, remover os pedúnculos e secar num pano limpo. Colocar as ginjas num recipiente ou frasco grande, de forma que não ultrapasse 1/3 da sua capacidade. Num tacho juntar 1L de aguardente com 1Kg de açúcar mascavado ou amarelo e 4 paus de canela. Aquecer apenas até que o açúcar se dissolva completamente (não deve ultrapassar os 35ºC). Verter para o frasco das ginjas, fechar e agitar.
Manter num local escuro e agitar pelo menos uma vez por dia, até que o açúcar que, naturalmente se forma no fundo do frasco, se dissolva (demorará aproximadamente uma semana). Assim que acontecer guardar num local escuro e fresco por 6 meses. Coar, verter para frascos esterilizados e consumir.
Esperamos que tenha gostado destas sugestões e que se sinta tentado a experimentar e a consumir esta fruta de trago ácido, mas rica em água, potássio, cálcio, ferro e vitamina C, nutrientes importantes para uma alimentação saudável.
Junte-se a nós numa cozinha que respeita os tempos de colheita dos alimentos e incentiva a um consumo sazonal e à sua preservação caseira.