Preservar Legumes e Frutas de Abril
Um estilo de vida sustentável está invariavelmente associado ao consumo de legumes e frutas locais, nacionais e sazonais. Contudo esta sazonalidade traz consigo uma realidade que, com a disponibilidade constante de alimentos de todos os cantos do mundo, nos desabituamos: a escassez natural.
Esta escassez ocorre naturalmente nos períodos em que os legumes e as frutas não estão no seu natural momento de colheita e conduz-nos à necessidade da sua preservação, se desejamos continuar a desfrutar do seu sabor e nutrientes.
Assim, e com abril a encaminhar-se para o fim, irão escassear: os abacates, as anonas, as maçãs, as tangerinas, o agrião, os grelos e os espargos. E neste sentido propomos a conservação de dois destes alimentos de duas formas distintas: congelando e desidratando.
Espargos congelados
Este vegetal extraordinário tem um período muito curto de colheita, pode ser consumido em conserva, mas o seu sabor e teor nutricional não se compara ao dos espargos frescos, ricos em potássio, fósforo, ácido fólico e vitaminas C e E.
Os espargos a comprar devem apresentar-se rígidos e brilhantes, sem aspereza superficial nem qualquer tipo de mancha ou descoloração, sendo que os espargos brancos não devem ter a ponta violeta nem verde.
Para os conservar por 2 a 3 dias podem ser envolvidos num pano húmido e colocados no frigorífico, contudo para maior durabilidade devem ser congelados. Eis como o deve fazer: lavar bem os espargos, com uma faca cortar o fundo fibroso e com um descascador remover a pele da restante parte mais dura (se preferir pode dobrá-los e deixá-los partir na zona correta, e assim sabe qual a pele a remover, pois pertence à parte de baixo do espargo).
Escaldar espargos em água, por 3 a 4 minutos, e interromper a cozedura com água gelada. Escorrer e colocar num recipiente hermético apropriado para congelação. Neste estado conservar-se-ão por aproximadamente 6 meses.
Desidratar maçãs
Esta fruta é praticamente um alimento tradicional português que, conjuntamente com os citrinos, garantidamente não falta na mesa dos portugueses. Contudo entre maio e julho ocorre o seu período natural de escassez, pelo que todos os apreciadores deste fruto devem preparar-se e preservar as suas espécies favoritas. Sugerimos a desidratação por dois métodos: no forno e ao sol.
Para desidratar maçãs no forno deve: lavar bem as maçãs, escolher se remove o caroço ou não (para o processo é exatamente igual apenas altera a estética das rodelas finais), cortar as maçãs em rodelas fininhas e mergulhá-las numa mistura de 1L de água com uma chávena de sumo de limão para evitar que oxidem. Escorrer, secar levemente e dispor num tabuleiro de forno forrado sem que se amontoem. Temperar se desejar (sugerimos canela, um pouco de açúcar ou noz-moscada, por exemplo). Levar ao forno pré-aquecido a 60.ºC ou 90.ºC (depende do tipo de forno) pelo menos durante uma hora de cada lado, mas se pretender uma maçã mais crocante poderá necessitar de duas horas de cada lado (vigiando regularmente porque todos os fornos são diferentes). Ao final do tempo pretendido desligar o forno, deixar a porta ligeiramente aberta e as maçãs a arrefecer no interior. No final guardar estes snacks crocantes num saco limpo ou frasco esterilizado.
Para desidratar as maçãs usando o poder do sol: basta espalhar as rodelas bem finas de maçãs numa travessa, ou prato forrado, e colocá-las ao sol num dia quente, cobertas por uma musselina para impedir a passagem de insetos. Virar as fatias ao longo do dia e guardar as maçãs no interior durante a noite. No dia seguinte voltar a colocá-las ao sol e repetir o processo. Assim que apresentarem a textura crocante pretendida estão prontas, bastando guardá-las num saco ou frasco.
Três receitas para preservar um legume de grande especialidade e uma fruta tão variada quanto apreciada no nosso país, para que não deixe de desfrutar das suas qualidades durante os seus meses de escassez.
Experimente e ponha em prática uma cozinha saudável, sustentável e económica!