Regenerar Através da Alimentação
Já abordamos várias vezes a importância da alimentação para a sustentabilidade do futuro e já é bem conhecido o enorme impacto que tem a nível mundial. Mudar a forma como nos alimentamos, aprendendo sobre alimentos sustentáveis e agir em prol de um melhor sistema alimentar, consistem nas formas mais eficazes de criar um impacto positivo e de regenerar o mundo.
Esta é também a visão da Slowfood, uma organização não governamental focada em tornar a alimentação sustentável e em preservar todo o seu caráter ancestral e tradicional, e que acredita que através da alimentação é possível regenerar ecossistemas, comunidades e também a nossa saúde. Hoje partilhamos um resumo do seu programa Food Regeneraction.
1. Consumir alimentos sazonais
Estes possuem menor impacto ambiental pois viajam menos, são mais saudáveis e sabem melhor, uma vez que lhes é permitido amadurecer corretamente.
Aqui no Blog partilhamos todos os meses a lista completa de legumes e frutas em época para comprar, aceda à categoria Dicas Sustentáveis e tenha acesso a todas listagens já publicadas.
2. Variar os alimentos consumidos
Esta atitude é mais saudável e contribui para o aumento da biodiversidade de culturas, polinizadores e vida selvagem em geral. Os especialistas sugerem ainda que consumamos menos alimentos animais, e para os efetivamente consumidos, garantir que provêm de uma produção sustentável e respeitadora da vida animal.
3. Introduzir nas refeições vários tipos de leguminosas
Estas espécies são ricas em antioxidantes, fibras e baixas em colesterol, sendo por isso adequadas a todos os tipos de necessidades alimentares. As leguminosas são também culturas extremamente importantes para a segurança alimentar, pois armazenam-se por longos períodos, e para o ambiente, uma vez que o seu desenvolvimento enriquece o solo e permite prevenir emissões de gases com efeito de estufa e poupar água, comparativamente à produção de animais para consumo.
4. Cultivar os próprios alimentos
A criação de uma horta caseira facilita o acesso a ingredientes frescos, aumenta a biodiversidade local, permite poupar o ambiente e a carteira e ainda contribui para a sensibilização da comunidade em geral, pois normalmente são tema de conversa.
5. Aprender a cuidar do microbiota
No nosso intestino habita uma enorme quantidade de microrganismos que nos auxiliam a viver o dia-a-dia e a digerir todos os alimentos que consumimos, contudo quando se encontra em desequilíbrio pode causar problemas de saúde, afetar o peso, o metabolismo e a saúde mental. Consumir frutas, vegetais, frutos secos e leguminosas ajuda a manter o microbiota saudável, ao contrário do que acontece com alimentos processados que, por apresentarem grandes quantidades de sal e açúcar, prejudicam o seu funcionamento conduzindo ao desequilíbrio.
6. Ler e compreender os rótulos dos alimentos
Pode parecer uma tarefa demorada, mas pode ser facilitada com as seguintes dicas: procurar a origem do alimento e preferir uma local ou nacional, quanto menor a lista de ingredientes melhor, evitar ingredientes desconhecidos e procurar símbolos de certificações verdadeiras.
7. Compreender o processo de produção de cada alimento e as pessoas que o produzem
A alimentação não pode ser considerada sustentável se não for sustentável para todos os envolvidos. É uma escolha difícil de executar, contudo é possível ao conhecer os agricultores. Assim a primeira escolha deverá ser sempre o mercado local. Conversar com os agricultores permitirá ter uma ideia das condições de produção, compreender as suas dificuldades e garantir que o investimento que realizamos com a compra é o correto para todos.
8. Ser criativo com o desperdício alimentar
Desperdiçar alimentos é deitar fora não só o próprio alimento final, mas todos os recursos utilizados na sua produção: sementes, solo, água, equipamentos, transporte e o próprio trabalho de todos os envolvidos. Comprar alimentos frescos a granel é o primeiro passo para evitar comprar em quantidades desnecessárias. Os seguintes são: ser criativo na cozinha, preservar tudo o que sabemos que não iremos conseguir consumir no estado ideal de frescura (fazendo compotas, pickles, molhos, polpas) e compostar o que restar.
Já partilhamos inúmeras sugestões de receitas sem desperdício e de preservação, aceda à categoria Cozinha Zero Desperdício e Faça-você-mesmo e tenha acesso a todas as receitas já publicadas.
9. Agir
Por uma alimentação regulada, por um sistema alimentar sustentável, por melhor alimentação nas escolas, educação alimentar e por uma melhor oferta em supermercados. Juntar a voz a campanhas, petições e debates públicos. Utilizar o voto para escolher um setor político que conduza o sistema alimentar para um caminho de sustentabilidade. Contactar o poder político nas variadas formas que existem para fazer chegar a mensagem do que é pretendido para o futuro.
Eis 9 atitudes propostas, mas muitas mais podem ser encontradas em todas as plataformas oficiais da organização Slow Food.
Com o Dia Mundial da Alimentação já aí tão próximo (celebra-se no dia 16 de outubro), esperamos tê-lo motivado a aprender mais sobre este tema tão fascinante como importante.
Junte-se a nós para um amanhã com ecossistemas regenerados e os seus ocupantes humanos mais saudáveis e respeitadores de uma visão global do sistema alimentar.