Preservar Frutas de Novembro

Neste mês de Novembro que se encaminha para o fim não existem muitas frutas e legumes que entram em escassez natural, aliás há apenas uma – a fisális – e como não podia deixar de ser dedicamo-nos inteiramente a ela.

A fisális, também conhecida como tomate-capucho, é normalmente encontrada à venda pertencente à espécie Physalis peruviana. É uma planta da família das solanáceas, a mesma do tomate, da batata e da beringela, originária do Peru que se adaptou-se bem ao cultivo em diversas outras regiões do mundo.

O fruto da fisália é uma baga redonda e alaranjada, de sabor agridoce e ligeiramente ácido, protegido por umas folhas semi-transparentes, os capuchos.

Se calhar já o viu num canto do mercado ou loja que frequenta, mas ainda não reuniu coragem para experimentar. Hoje partilhamos os benefícios do consumo desta fruta e sugestões de conservação, uma vez que são moderadamente perecíveis.

Benefícios

De acordo com fontes nutricionais a fisális contém tanta vitamina C quanto o limão, ou seja, 30mg por 100g de polpa, é rica em fibras, vitaminas A, B e C, e em minerais como o ferro, o fósforo e o cálcio.

Adicionalmente também possui carotenóides, antioxidantes importantes que protegem as células do nosso organismo contra o envelhecimento precoce e o desenvolvimento de doenças degenerativas.

Tendo em conta o seu conteúdo nutricional é assim possível atribuir a esta fruta as seguintes propriedades benéficas para a saúde: digestiva e controladora da fome, do colesterol e da diabetes, pois o seu conteúdo de fibras reduz a quantidade de alimento ingerido, favorecendo ainda o emagrecimento; auxiliar de memória, capacidade atribuída aos antioxidantes que possui; estimulante para o sistema imunológico e preventiva de envelhecimento precoce e de doenças como o cancro ou como a anemia.

Muitos benefícios contidos em bagas tão pequeninas e cujo consumo ótimo termina agora com o finalizar do mês de Novembro.

Consumo e Conservação

A fisális pode ser consumida ao natural, crua ou cozinhada, e incorporada em receitas de geleias, compotas, bolos, tortas, saladas e até molhos.

Para o consumir cru ou utilizar em preparados deve remover as folhas e apenas comer e utilizar a baga.

Relativamente à conservação não é aconselhado refrigerar as fisális pois as mesmas podem estragar-se, pelo que o período de validade das mesmas poderá ser muito encurtado. Partilhamos duas receitas para alargar este consumo e aproveitar as fisális que possa ter em quantidade, compradas ou apanhadas, uma vez que é uma planta de muito fácil cultivo e manutenção em vaso.

Doce de fisális

Portugueses de gema como somos não dizemos que não a um docinho caseiro. E consideramos até que esta é uma das melhores formas de conservação possível, pois é prolongada no que respeita a validade (principalmente de selar a vácuo os seus frascos) e multifacetada, pois em caso de necessidade tornam-se ótimas entradas, aperitivos e até presentes.

Para reproduzir esta receita necessita de: 300g de fisális, 175g de açúcar branco ou amarelo, 1 colher de sopa de sumo de limão, 1 colher de sopa de sumo de laranja, algumas cascas de laranja, 1 tacho, 1 colher de pau, a varinha mágica, 1 passador/escorredor de malha fina e frascos esterilizados.

E o procedimento é muito simples, basta: lavar as bagas e colocá-las no tacho com o açúcar, o limão e a laranja. Aquecer e esborrachar as fisális à medida que aquecem e cozem. Este passo irá criar o líquido necessário à preparação.

Deixar ferver por 10 a 15 minutos e triturar. Coar com um passador, voltar a levar ao lume e deixar ferver até obter a consistência desejada. Verter para os frascos pré-esterilizados.

Licor de fisális

Se é apreciador de bebericar ou oferecer licores caseiros esta receita é perfeita, preferencialmente se tiver uma boa quantidade de fisális em mãos.

Necessitará de: 500g de fisális, 0,5L de vinho branco de boa qualidade, 225g de açúcar amarelo e 0,75 dl de aguardente, 1 taça, varinha mágica, passador, tacho e frascos ou garrafas esterilizadas.

Esta receita cumpre-se em dois passos: maturação das bagas e a fabricação do licor em si, mas é muito simples.

Basta descascar os fisális, colocá-los num recipiente largo juntamente com o vinho branco e deixar maturar e amolecer por 48h.

Passado este tempo triturar a mistura com a varinha e coar com o passador até obter um líquido limpo. Se necessário coar várias vezes.

Colocar o líquido obtido no tacho com o açúcar e a aguardente e aquecer, mexendo sempre.

Deixar ferver por 5 minutos e remover. Deixar arrefecer e verter para as garrafas.

É perfeito para finais de dia frios, para convívios familiares e para oferecer aos entes queridos apreciadores com votos de amor e carinho.

Para assegurar a sua conservação sem qualquer tipo de preparação, a fisális pode também ser desidratado, recorrendo idealmente a um desidratador elétrico, ou ao forno e conservados em frascos esterilizados em local fresco, seco e abrigado da luz solar.

Informações, receitas e dicas para o consumo e preservação de um dos frutos de Outono, que agora inicia o seu período de escassez natural.

Esperamos que tenha sentido vontade de experimentar esta fruta repleta de benefícios mas ainda não acostumada no nosso paladar. Junte-se a nós por uma alimentação e cozinha caseira e tradicional, na qual a preservação é a consequência natural do ciclo produtivo dos nossos alimentos.