Preservar Frutas e Legumes de Outubro

Preservar Frutas e Legumes de Outubro
Fotografia de Jakub Kapusnak / Unsplash

De um estilo de vida sustentável faz parte integrante o consumo de alimentos frescos em época nacional o que, naturalmente, condiciona o seu consumo e contradiz a enorme oferta de frutas e legumes proveniente de todas as partes do mundo que é possível encontrar em qualquer supermercado.

A importância desta preferência é muito relevante, mesmo que por vezes possa parecer limitadora, pois o seu impacto no ambiente, na saúde e na própria alimentação é muito compensador. Estes alimentos nacionais, e sempre que possível biológicos, percorrem menos quilómetros libertando assim menos emissões poluentes e, como são colhidos na altura correta são mais nutritivos e também mais saborosos.

No nosso entender, a aparente limitação de preferir frutas e legumes nacionais, transforma a sua preparação numa tarefa criativa e alinhada com as estações, e a sua degustação um momento mais prazeroso e valorizado.

Simultaneamente, o consumo de alimentos em época, traz também consigo duas realidades complementares: a escassez e a preservação. Pois se o alimento tem uma época e pretendermos consumi-lo o ano todo, necessitamos de o preservar.

Este mês encaminham-se para o fim da sua época de colheita: a ameixa, o pêssego, a uva, o alho, o chuchu, a curgete, o pimento e o tomate. E desta vez nesta rubrica mensal, dedicamos a nossa atenção às ameixas e aos alhos, propondo receitas e dicas para conservar ambos os alimentos.

Our garden's tasty plums
Fotografia de Shahab Vejdanian / Unsplash

Ameixas

A ameixa consiste no fruto de caroço com o maior número de variedades, aproximadamente 2000. No nosso território são cultivadas inúmeras espécies, redondas, de tamanho pequeno ou grande, e cor amarela, verde, vermelha ou roxa, ou de formato mais alongado e cor azulada, todas prontas a desfrutar desde o mês de junho até ao presente.

O seu consumo é ótimo fresco contudo, se tem uma ameixeira ou conseguiu um bom negócio numas caixas, pode ter dificuldade em conservá-las frescas. Eis algumas sugestões para prolongar a sua validade e desfrutar todo o ano deste fruto doce e com propriedades antioxidantes, controladoras da tensão arterial e benéficas para o trato intestinal.

Fotografia de Vladimir Gladkov / Unsplash

A dica mais simples consiste em não lavar as ameixas até ao momento de as comer ou cozinhar e, principalmente, não remover a película branca que as protege, pois a mesma auxilia a prolongar a sua validade.

Seguidamente, se a quantidade de fruta for muita, conserve-a no frigorífico ou congele-a. Para congelar basta partir as ameixas ao meio, remover os caroços, e colocar num tabuleiro no congelador. Irão congelar individualmente e será possível, de seguida, colocá-las num saco de congelação e mantê-las nesse mesmo estado até 12 meses.

Outra solução de conservação passa pela desidratação que pode ser realizada num desidratador ou no forno. Para ambos os casos necessita de abrir as ameixas a meio, remover os caroços, e fatiá-las ou parti-las em pedaços mais pequenos para facilitar o processo.

No desidratador convém seguir as instruções do fabricante e desidratar as ameixas a no máximo 50ºC, e no forno a um máximo de 60ºC. Após secas guardar em recipientes limpos e secos num local protegido de humidade e luz solar.

Homemade Bread and Jam
Fotografia de Mario Mesaglio / Unsplash

Por fim e, se não pretende congelar nem desidratar as suas ameixas, propomos uma solução gulosa: geleia de ameixa.

Num tacho grande (pelo menos do dobro do tamanho do que a fruta e o açúcar) juntar 4 chávenas de ameixas cortadas em pedaços, com pele e sem caroço, e 2 chávenas de açúcar. A quantidade de açúcar pode ser aumentada ou reduzida consoante a doçura da ameixa que estiver a usar. Sugerimos que prove e verifique. O tipo de açúcar utilizado também vai fazer variar o sabor da receita, pode utilizar amarelo, mascavado, demerara, de coco ou baunilhado. Recomendamos que ajuste a quantidade de açúcar tendo em conta o doce percecionado ser diferente. Também é possível utilizar outro tipo de adoçantes como o mel, o xarope de ácer ou tâmara.

Aquecer até que ferva e baixar a temperatura para o médio mexendo ocasionalmente. Não necessita de juntar água pois a fruta quando aquecida irá libertar líquido suficiente. Nesta fase é possível acrescentar pau de canela ou anis estrelado, se pretendido.

Assim que o preparado ficar mais espesso e as suas bolhas forem menos e mais pequenas está pronto. Pode passar por um coador para remover as peles, contudo recomendamos que as mantenha para uma consistência diferente e mais nutrientes.

Verter para frascos esterilizados e armazenar em local fresco e seco, afastado da luz solar.

Farmer’s market find
Fotografia de team voyas / Unsplash

Alhos

Estes bolbos, tão enraizados na nossa cozinha para temperar e condimentar, atribuem às refeições um sabor distinto, mas também possuem inúmeras propriedades medicinais importantes que não devem ser ignoradas (são antisséticos, antioxidantes, anti-inflamatórios e facilitam a circulação do sangue).

Depreende-se assim que a inclusão dos alhos é fundamental na nossa alimentação, contudo a sua conservação pode ser um problema, pois em ambientes mais quentes as cabeças de alho vão rapidamente murchar e secar, deixando de ser utilizáveis. Eis as nossas propostas para a sua preservação.

garlic ( da suan )
Fotografia de ji jiali / Unsplash

A congelação, apesar de controversa pois pode reduzir o valor nutricional e, desta forma, o interesse medicinal dos alhos, é uma solução simples e rápida. Basta descascar a cabeça e os dentes de alho e congelá-los num tabuleiro. Assim que congelados, colocar numa saca de congelação e utilizar sempre que forem necessários. Não precisa de os descongelar pois congelados são mais simples de fatiar.

Um pormenor importante sobre a congelação consiste no principio de segurança alimentar de “não voltar a congelar”, ou seja, sempre que retirar um dente de alho do congelador, não pode voltar a colocá-lo lá. Deve utilizá-lo na totalidade ou refrigerar e utilizar no máximo em 24 horas.

Uma outra opção de congelação consiste no alho picado ou triturado. De forma a facilitar o processo e a definir quantidades de utilização mais pequenas, pode picar ou triturar os dentes de alho frescos e congelá-los em cuvetes pequenas. Assim terá uma quantidade de alho mais controlada, prevenindo o desperdício.

Saltshaker
Fotografia de Edi Libedinsky / Unsplash

Se não pretende congelar, ou inutilizar uma ou mais cuvetes com alho picado, eis mais uma solução: sal de alho.

Para o criar basta triturar num processador de cozinha uma parte de alho para quatro partes de sal marinho. Algumas pulsações são suficientes para desfazer o alho e misturar os dois, sem que se transformem numa pasta.

Verter para um frasco esterilizado e guardar num armário fresco e escuro.

Duas receitas e cinco dicas de conservação para prolongar a validade de dois alimentos muito comuns na alimentação portuguesa: as ameixas e os alhos.

Experimente as que mais funcionam para a sua rotina, evite o desperdício de frutas e legumes estragados, e desfrute dos benefícios destes alimentos sustentáveis e saudáveis fora da sua época de colheita.

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Conheça também as nossas propostas para utilização, preparação e conservação de dois alimentos também a escassear este mês: os tomates e os pimentos.
Murta Atitude Natural

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